sexta-feira, 29 de julho de 2011

V Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade

O V Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade é uma realização da Fundação Hansen Bahia e do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), cujo objetivo é proporcionar um espaço de discussão sobre as particularidades culturais e religiosas na região do Recôncavo da Bahia, tendo em vista sua pluralidade, sincretismo e influências de diversas partes do mundo, com especial destaque à África.
 
O evento acontece de 11 a 13 de agosto, no auditório do CAHL, em Cachoeira, concomitantemente à tradicional Festa da Boa Morte, que atrai religiosos e turistas de diversas nacionalidades, e que foi oficializada pelo governador Jacques Wagner como Patrimônio Imaterial da Bahia em 2010. A festa acontece desde agosto de 1820, com a vibrante mistura de elementos do catolicismo e do candomblé.

Nesta quinta edição, o Simpósio Identidades Culturais e Religiosidade traz olhares de profissionais de diversas áreas, do Brasil e do exterior, e de membros da comunidade local, cujas contribuições sempre são das mais valiosas, com o intuito de manter viva e valorizada as manifestações culturais e religiosas do Recôncavo da Bahia.

http://ufrb.edu.br/boamorte/

Sítio histórico de Cachoeira é agredido


Dando continuidade às variadas agressões ao patrimônio histórico e cultural de Cachoeira, município tombado por decreto federal desde 1971 como patrimônio histórico, artístico-cultural e natural brasileiro, mais uma obra realizada pela prefeitura municipal violenta o sítio arqueológico de São Francisco do Paraguaçu, subdistrito de Santiago do Iguape, na antiga zona dos canaviais cachoeiranos. Dessa vez a PMC está construindo um coreto, ou um palanque, qualquer coisa, enfim, que por falta de uma denominação coerente ou uma finalidade definitiva, o equipamento está sendo batizado pela comunidade de elefante branco.
Para levar a efeito o intento nefasto a PMC derrubou duas árvores centenárias que ornamentava a praça principal da vila. Além disso, o equipamento desfigura o conjunto original de casas e oculta a visão que se tem do edifício do antigo convento de Santo Antonio, construído pela Ordem Franciscana em meados do século XVII. Entretanto, a PMC desconhece que a vila de São Francisco é área de proteção rigorosa como sítio arqueológico e histórico, como ocorre com a sede do município, principalmente a área urbana da antiga vila.
Não faz muito tempo o IPHAN desautorizou a construção de um imóvel de dois pavimentos na imediação do convento de São Francisco. No caso da obra desfiguradora ora realizada pela PMC, o IPHAN não foi informado, o que significa dizer que não há laudo histórico nem arqueológico. Enfim, a obra é ilegal e representa mais uma entre tantas outras obras realizadas pela PMC em que a lei de proteção e conservação do patrimônio histórico-cultural e artístico brasileiro é acintosamente desrespeitado pelo excelentíssimo senhor prefeito municipal.

O prefeito se acha acima da lei

Obras irregulares são recorrentes em Cachoeira e o prefeito diz destemidamente que ele não tem medo de processos jurídicos, que vai fazer e acontecer, queira ou não queira os “cupins” IPHAN e IPAC. Entenda-se a sua vaidade está acima de tudo. As arbitrariedades administrativas cometidas são apoiadas por um poder legislativo omisso e covarde. Tendo todos os vereadores comendo em sua mão, comem igualmente migalhas jogadas ao chão por ele os meios de comunicação da região e a população despolitizada e controlada à base de festas, drogas e cervejas. Ninguem tem coragem de dizer nada; nenhuma voz se levanta. Aí nenhum IPHAN e nenhum IPAC tem força política para dar testa ao todo poderoso corró da cidade.
Ante essa situação, o perna-de-pau centroavante da seleção de coroas cachoeiranos joga solto, sem marcação, fazendo gols de impedimento a torto e a direito. Resultado: não existe uma obra sequer que não tenha uma irregularidade, um dinheirinho a mais. Que comprove o relatório da auditoria roleta-russa da CGU.
O local do crime


Baseado no cronista cachoeirano Pedro Celestino da Silva e numa bibliografia específica e oriunda de pesquisadores religiosos da Ordem de São Francisco, a presença franciscana e a instalação do Convento de Santo Antonio do Paraguaçu em Cachoeira se deu em decorrência da conversão religiosa, já na maturidade, de Pedro Garcia de Araujo, proprietário das antigas terras de São Francisco, que se tornou irmão leigo da Ordem.  Jaboatão diz que
No Capítulo, que fez o primeyro custodio independente, Fr. João Bautista em vinte e quatro de fevereyro de 1646, foi determinado a acceitação de fundar Convento no lugar do Paraguassú, como pedem os moradores da freguesia, (diz hum assento da Meza deste Capitulo, e se escolherão dos dous Sítios, que offerece o P. Pedro Garcia, qual seja o mais conveniente).
Já Pedro Celestino da Silva, baseado em Jaboatão, diz ele que
Doou o padre Pedro Garcia, por escriptura publica, dois sítios que possuía na margem oriental do rio Paraguassú, um onde se acha levantado esse convento, e outro mais abaixo, na passagem denominada Pontal.
Jaboatão e outros autores que estudaram a ordem franciscana e o convento Santo Antonio em São Francisco do Paraguaçu não apresentam dados precisos sobre as terras doadas por Pedro Garcia para os franciscanos. Em face disto, não se sabe sua extensão original e limites precisos. Sabe-se concreto que os franciscanos não eram empreendedores, como eram os beneditinos e jesuítas, que possuíam grandes engenhos e grandes plantéis de escravos. Assim, conclui-se que propriedade doada por Pedro Garcia aos franciscanos limitava-se unicamente àquela que constituía o convento, inclusive o quintal, que corresponde a área da atual vila.
Jaboatão diz que
Quando alli fomos Noviço pellos annos de 1717 naõ havia no lugar mais que dous ou três cazebres de Pescadores, e o Hospital, de que logo diremos; hoje haverá huã dúzia de cazas de alguns pobres [pescadores}, que vivem á sombra do Convento.
Esses “pobres pescadores” referidos por Jaboatão eram, certamente, mamelucos (mestiços de índios e brancos) descendentes de antigos habitantes do local. Jaboatão identificou poucos moradores naquela localidade devido, principalmente, à configuração do lugar, em detrimento, por exemplo, da vizinha povoação de Santiago, localizado numa parte onde se descortinava o vale  do Iguape. Diz Jaboatão (p.540):
Não tem vista alguã para a parte de terra, por ser toda dezerta, e montanhoza; a melhor que tem he [é] a do Rio. Não se descobre do Convento Povoação, ou edifício algum mais que da outra banda da barra da [vila da] Cachoeyra em distancia de mais de legoa.
Em decorrência da instabilidade pela qual vivia o convento de Santo Antonio ao longo de sua existência, determinado momento enfraqueceu suas atividades religiosas e de assistência. Em finais do século XVIII até meados do século XIX, com a crescente decadência do sistema plantocrático açucareiro no Iguape, que sustentava e garantia o funcionamento do convento, suas instalações físicas começaram a sofrer gradativo processo de deterioração. Sabe-se que na década de 1850 não mais havia frades brasileiros ou portugueses no Convento, e sim cerca de cinqüenta franciscanos de origem alemã, que permaneceram pouco tempo no local.
Na década de 1910 o Convento de São Antônio do Paraguassú estava abandonado e em ruína. Diante da iminência de desabamento de todo o conjunto arquitetônico, o convento e os terrenos adjacentes foram doados à arquidiocese baiana. Como medida preventiva para evitar o desabamento da igreja, foi acordada em reunião a demolição do convento e a venda dos terrenos e alfaias para que, com o dinheiro auferido, se promovesse a reforma da igreja. Para tal, em 19 de janeiro de 1915 foi nomeada uma comissão que seria responsável pela execução do projeto.
Peças em mármore, metais e madeiras que compunham o acervo móvel (mobiliário, objetos de arte, por exemplo) e imóvel (pias, lavabos, escadaria, etc) do convento foram vendidas e/ou doadas. Na década de 1930, São Francisco do Paraguaçu atraiu imigrantes provenientes de áreas sertanejas flagelados pela seca que grassou naquela década na Bahia. Aqueles que se fixaram definitivamente em São Francisco arrendaram pedaços de terras para cultivo temporário de gêneros de subsistência ou se empregaram como extrativistas meeiros. Parte da população atual da vila de São Francisco é oriunda desses imigrantes sertanejos.
Além de sítio histórico construído pelos irmãos franciscano do convento de Santo Antonio, local onde estudou um dos mais renomados cronistas setecentistas brasileiro, o frei Antonio de Santa Rita Jaboatão, a vila de São Francisco era originalmente uma aldeia indígena. Valiosíssimas obras de arte sacras pertencentes ao convento enriquecem museus brasileiros; no interior da igreja de Santo Antonio jazem os restos mortais de Sebastião da Rocha Pitta, o pai da história brasileira. Pesquisadores da Universidade de Évora, Portugal, estudaram a Nora, o sistema medieval de abastecimento de água através de aqueduto que se encontra preservado no citado convento. Contudo, o prefeito de Cachoeira, que desconhece a importância do patrimônio histórico e cultural do município que administra, arrogantemente destrói tudo; constrói um trombolho ao lado de um edifício religioso construído no início da colonização brasileira. É demais!
 

sábado, 16 de julho de 2011

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE CASAS DE ESTUDANTES - ENCE

Ocorrerá entre os dias 07 e 13 de Agosto de 2011, no Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, o XXXV Encontro Nacional de Casas de Estudantes – ENCE, cujo tema será “Casas em Movimento(s): Olhares politizados, fazeres plurais e os sentidos das Políticas de Assistência e Permanência”.

Com a expectativa de receber cerca de 400 pessoas, a 35ª edição do evento objetiva trocar experiências, traçar paralelos entre as diferentes realidades participantes e discutir formas de articulação de uma luta nacionalmente integrada em torno das políticas de assistência/permanência estudantil como forma de garantir condições dignas de cursar o Ensino Superior aos/às estudantes oriundos/as das camadas populares, além de encurtar distâncias com os demais segmentos da Sociedade Civil Organizada.

A realização do evento é uma parceria entre a Secretaria Nacional de Casas de Estudantes – SENCE e as Residências Universitárias da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, da Universidade Federal da Bahia – UFBA e da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

O investimento é de R$25 (vinte e cinco) e o contato para informações e pré-inscrições pode ser feito através do e-mail: ence2011.bahia@gmail.com e pelo blog: http://xxxvencebahia.blogspot.com/;

Confira a PROGRAMAÇÃO do Evento:

Dia 07 de Agosto:
- Credenciamento – 08:00 às 17:30
- Abertura, às 19:00
Dia 08 de Agosto:
- “Formação Política: onde estou e o que é isso?!” – 08:30 às 11:40
- “Residências Estudantis do Brasil: a realidade da Bahia” – 13:30 às 17:30
- Apresentação da nova Gestão e Reunião Ampliada da SENCE – 19:30 às 22:00
Dia 09 de Agosto:
- Oficina do Teatro do Oprimido – 08:30 às 11:40
- Grupos de Discussão (dois blocos) – 13:30 às 17:30
- “As políticas governamentais de Assistência Estudantil em relação às Universidades Estaduais” – 19:00 às 22:30
Dia 10 de Agosto:
- Educação Popular – 08:30 às 11:40
- Espaços Propositivos – 13:30 às 18:00
- Construção de Ato Público – 19:00 às 22:30
Dia 11 de Agosto:
- Ato público – 06:30
- Tarde livre
Dia 12 de Agosto:
- Prestação de Contas do evento – 08:30 às 11:40
- Avaliação do Ato – 13:30 às 17:30
- Avaliação do Encontro – 19:00 às 22:30
Dia 13 de Agosto:
- Plenária Final – 08:30 às 17:30

*Programação sujeita à alterações.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ogan do Seja Hundê é discriminado em programa de rádio, um resposta.

A verdade dos fatos

Prezado Cacau,

Na condição de Ogan da Roça do Ventura e direitor de cultura e relações públicas da Sociedade Cultural da Roça do Ventura,acompanhei meu irmão de roça,Ogan Buda à Rádio Paraguassu,para tratarmos das visitas dos orgãos públicos estaduais ao nosso terreiro ,no dia 25 de Junho,quando a cidade de Cachoeira torna-se por um dia a capital do estado.A visita à Radio foi realizada no horário do programa da senhora Alzira Costa,meio dia,do dia 28-06,conforme combinado telefônico.

Informamos no programa aos ouvintes que recebemos a visita de representatntes da Secretaria estadual do Meio Ambiente,na pessoa de Célia Bandeira(chefe de gabinete) e da Sra.Maisa Flores,quando foi informado a intenção da realização de um projeto piloto na Roça do Ventura de um jardim de folhas sagradas.Também tivemos a visita do Sr.Elias Sampaio,secratário da SEPROMI,acompanhado de uma comitiva da mesma secretaria,quando tratamos de diversas ações de interesse da Roça do Ventura que estão em andamento na referida secretaria,como por exemplo a construção do muro-cerca no entorno das terras da Roça do Ventura,como também do acompanhamento das ações na justiça promovidas pelo IPHAN e IBAMA,contra as ações de devastação e destruição dos escombros sagrados da Roça de Cima,claro que aproveitamos a oportunidade para mais uma vez denunciarmos a completa falta de atenção do poder público municipal(a prefeituta de Cachoeira)com as  solicitações da comunidade religiosa do nosso terreiro,chamamos atenção que mais uma vez a situação do acesso a roça era a pior possível ,causando o atolamento de diversos veículos ,inclusive de sacerdotisas do candomblé de fora do estado(Uma senhora de 70 ano,do RJ),além do carro da Senhora Célia Bandeira,da secretaria do meio ambiente,fato testemunhado por todos que visitaram a nossa roça no dia 25 de junho.

Nesse momento que atribuimos responsabilidade à Prefeitura de cachoeira,pela não melhoria das cndições de acesso ao Ventura,a Sra.Alzira já demonstrou um incômodo com os comentários realizados,de pronto a apresentadora fez uma contundente defesa da prefeitura.Tudo ficou muito mais preocupante quando apresentamos as razões para não realização da construção do nosso muro-cerca,em função do fato da prefeitura de Cachoeira esta inadimplente com a sua documentação,informação apresentada pela SEPROMI,para explicar a não execução das obras do muro-cerca.Nesse instante a apresentadora abriu mão da sua condição de jornalista e assumiu sem o menor disfarce ,sua condição de relações públicas da prefeitura,já naquele momento a apresentadora foi tendenciosa e visivelmente parcial na condução do programa e nas armadilhas apresentadas na tentativa incansálvel de fazer a qualquer custo a defesa da prefeitura,mesmo que tal postura macule sua condição de jornalista,que deve gozar de uma concessão do poder público para realização ações de jornalismo de interesse da comunidade ,de interesse público portanto.

Dias depois fomos informados dos comentários racistas e desrespeitosos dessa senhora,comentários realizados no seu programa, contra o Ogã Buda e sobre minha pessoa.Lamentamos que tal atitude tenha sido praticada com reprovavel covardia e negação do princípios básicos do jornalismo ,que deve ser mais um instrumento de consolidação da democracia em território brasileiro.

Consideramos que tais atitudes só reforçam a ideia que essa senhora faz do jornalismo a extenção das suas atividades  de relações públicas da prefeitura ,demonstrando mais uma vez os limites da imprensa cerceada pelo poder politico e econômico local.

Informamos que tomaremos as atitudes cabíveis a tais comportamentos racistas e desrespeeitosos da Senhora Alzira Costa,no exercício  e condução do seu programa ,na Radio Paraguassu,em Cachoeira.

Agradecemos a  Cacau por garantir esse espaço na midia livre para apresentamos nosso mais contundente repúdio aos comentários covardimente apresentados por essa senhora que desrespeita o POVO DE SANTO DA BAHIA e rasga os princípios fundantes do jornalismo e da liberdade de expressão em nossa terra,numa clara demonstração que o "coronelismo eletrônico" ainda é um fenômeno político presente no reconcavo baiano.

Gratos ,

Marcus Alesandro
Ogã da Roça do Ventura

sábado, 2 de julho de 2011

Ogan do Seja Hundê é discriminado em programa de rádio

Roça do Ventura
Buda, apelido do ogan do Zô Ogodô Bogum Malê Seja Hundê, terreiro de candomblé jêje marrin de Cachoeira conhecido como Roça de Ventura, diz que foi discriminado pelo apresentador de um programa que diariamente é levado ao ar pela emissora Paraguaçu FM, de Cachoeira. Segundo ele, o apresentador o desqualificou como sacerdote e como indivíduo. Diz ainda que além das ofensas à sua pessoa, o locutor teria dito que o Seja Hundê é um candomblerzinho, cujos participantes são cariocas, paulistas e mineiro.

O motivo da ofensa foi porque Buda compareceu ao programa de rádio vestido de bermuda e camiseta, o que para o locutor era um traje inadequado para um ogan. Mas Buda contra-argumenta dizendo que o motivo foi porque ele foi denunciar as desobediências às determinações da Justiça impostas ao advogado Ademir Passos, que recentemente violou o espaço sagrado do terreiro ceifando árvores, soterrando a lagoa do orixá Nanã; enfim, desfigurando o sítio cultural afrorreligioso. O referido advogado, que é especializado em resolver broncas de prefeitos na Justiça, advoga para a prefeitura municipal da Cachoeira, e o programa de rádio é patrocinado com o dinheiro público, disse o ogan, que vai acionar a Justiça por reparações morais.. 

 

Blog do NNNE - UFRB

Historicamente a sociedade brasileira foi construída através de variados processos de subalternização do negro/a. Durante mais de três séculos, milhares de africanos foram tirados de sua terra de origem, para servirem de força de trabalho escrava no Brasil. Durante todo período colonial e imperial, a sociedade brasileira se sustentou através da escravidão negra, prática essa, que se fundava através de um cotidiano exercício da violência, coação, exploração e humilhação da população escravizada.

     Com o fim da escravidão legal no Brasil, em 13 de maio de 1888, o quadro de violências alterou-se, na medida em que as elites dirigentes, aparelhadas com as teorias racialistas, organizaram-se para recriar as hierarquias estabelecidas durantes os séculos de escravidão. Nesse sentindo, o Estado-nação brasileiro, foi construído através de políticas estatais, que visavam excluir e muitas vezes exterminar a população negra aqui existente, com projetos de favelização, programas de higienização, políticas de branqueamento e criminalização do negro/a e suas manifestações religioso-culturais. Mas, nós resistimos.
 
     Nos fins dos anos 20, o protesto racial emerge fortemente em São Paulo, propagando-se em outros estados da Federação; criam-se organizações, com base na identidade racial cujo objetivo é projetar os negros/as enquanto atores sociais. No final dos anos 40, o protesto reaparece no Rio de Janeiro, sob a forma de um ambicioso projeto cultural - Teatro Experimental do Negro - articulando-se psicodrama, valorização da tradição afro-brasileira e propostas políticas com vistas a interferir na reforma  constitucional.
 
     No final dos anos 70, uma nova onda de protestos, impulsionada por organizações negras de diferentes estados da federação, dão início à formação do Movimento Negro Unificado. Uma peculiaridade do Movimento Negro/a do Brasil, está no fato de que além de combater o racismo em todas as formas é preciso também desmistificar a idéia difundida de “democracia racial”, ideologia essa, diluída em toda sociedade brasileira, como constituinte de sua própria identidade nacional, dando um tom “harmonioso” às relações raciais.
 
     Na universidade o combate ao racismo perpassa por críticas ao conhecimento excessivamente eurocêntrico e pela organização da luta por acesso e permanência da população negra ao ensino superior. Fundamentados nesses eixos de atuação é que surge o movimento negro/a universitário na sua forma de núcleos estudantis. As pautas dos núcleos se somam às pautas gerais do movimento negro/a tendo como principal conquista destes, em nível nacional, a adoção de políticas de cotas para o acesso e permanência de estudantes negros/as. 
 
     Nessa conjuntura o negro/a passa a reivindicar o espaço político na universidade pública, propondo alternativas epistemológicas em favor da descolonização do conhecimento e o combate ao racismo na sociedade brasileira. É nesse sentindo, que estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, especificamente do Centro de Artes, Humanidades e Letras, reúnem-se em abril de 2009, e desde então, vêem se organizando de forma ativa e autônoma, com o intuito de discutir e militar em defesa das populações negras, o combate ao machismo e outras lutas em favor das maiorias subalternizadas. 
 
     O coletivo intitulado de Núcleo de Negras e Negros Estudantes (NNNE) tem como compromisso, combater o racismo, o machismo e todas e quaisquer formas de segregação, entendendo que essa ação de combate as discriminações é de extrema importância para construção de uma sociedade plenamente democrática.
 
    Nesse sentido, o NNNE é um coletivo de estudantes militantes que atualmente  desenvolve trabalho de base nas comunidades periféricas na cidade de Cachoeira-BA, além de constituir  uma rede de articulação com outros movimentos sociais como MST Recôncavo, MSTB, MOPEBA, MNU e comunidades Quilombolas da região. Somos maiss um elo da corrente inquebrantável do movimento negro contemporâneo.
 
Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB

"TRISTE CACHOEIRA"

1. Texto 01 - publicado no Cachoeira Online e no Facebook em 28.06.11
"TRISTE CACHOEIRA
 
Poluição ambiental, trânsito desregrado de cargas pesadas destruindo o patrimônio da cidade, poluição sonora infernal, Rio Paraguaçu transformado em lixão a céu aberto, coronelismo cínico e anacrônico, intolerância religiosa, invasão e destruição impunes de espaços sagrados de matriz africana, racismo velado e escancarado, hegemonia e fusão total do poder político e econômico, desrespeito à cultura afro-baiana e, last but not least, vergonha generalizada na Câmara de Vereadores no último dia 25 de junho, data magna da Cidade! Triste Cachoeira, outrora Cidade Heróica...
 
Xavier Vatin
Cidadão Cachoeirano"
 
Comentários postados no Cachoeira Online:

Anônimo disse...
Se a Câmara tivesse Ombridade, certaemente, professor, viria a público e pediria desculpas,foi um grande fiasco,mal gosto.Entendo seu desabafo,é uma expressão de muita gente que mora e gosta desssa cidade,infelizmente os puxa-sacos,não.
Anônimo disse...
Esse professor estrangeiro tá muito ousado. Vai engulir o que disse . Fora forasteiro, vc tem que se curvar a família Pereira, senão vai sair de Cachoeira expulso, e do Brasil também. Entenda professor, Cachoeira é verde e branca (Pereira/Palmeira), quem manda é quem tem, limite-se a sua Faculdade, com gestão péssima, com as drogas rolando solto.
Anônimo disse...
kkkkk! Todos sabem de ondem partem esses surtos acima,é a Maria Jagunça,defendendo o seu ganha pão.Coitada!
Anônimo disse...
-Todo mundo sabe onde a droga realmente come solto.Cala-te boca.Rsrsrs.
Cachoeirano indignado disse...
Infelismente não posso mais passar o dia 25 de junho em Cachoeira. Terra que eu amo e que muito me orgulhava de sua data Magna. É que a vergonha de ver tanta incompetência,tanto cinismo e mediocridade na organização do evento me fazem muito mal, começou esse ano, passei longe de Cachoeira. Apoio o Prof. Xavier, é preciso coragem para exprimir a verdade. Quanto ao anônimo(a) xenofabo que compartilha da mediocridade a que Cachoeira hoje está exposta, ou é beneficiado em detrimento da cidade ou é alienado, recolha-se a sua insignificância. Cachoeirano Indignado.
Anônimo disse...
Anônimo disse... Esse professor estrangeiro tá muito ousado. Vai engulir o que disse . Fora forasteiro, vc tem que se curvar a família Pereira, senão vai sair de Cachoeira expulso, e do Brasil também. Entenda professor, Cachoeira é verde e branca (Pereira/Palmeira), quem manda é quem tem, limite-se a sua Faculdade, com gestão péssima, com as drogas rolando solto. ----------------------------------------------------- Estão vendo como é que os representantes do poder tratam as pessoas? eles dizem "voce tem ques e curvar" Veem agora noque querem transformar Cachoeira? Como tratam a quem nao se contentam com o que eles estão fazendo?

2. Texto 02 - publicado no Facebook hoje e a ser publicado no Cachoeira Online
 
"TERRRORISMO MIDIÁTICO NA CIDADE HERÓICA
Caros Cachoeiranos e/ou amantes da Cachoeira,

Em primeiro lugar, quero agradecer calorosamente aos que me manifestaram o seu apoio. Quanto à radialista Al-Jazira, o seu comportamento "profissional" é digno de pena. Jornalismo verdadeiro requer INDEPENDÊNCIA, ética e objetividade. No que diz respeito aos anônimos que se escondem covardemente atrás do anonimato para vomitar sua raiva xenofóbica, só tenho a lamentar a sua alienação - para não dizer escravidão - mental.

Apoixonei-me por Cachoeira há 20 anos atrás, quando cheguei à Bahia pela primeira vez e quando Pierre Verger me aconselou a iniciar minhas pesquisas antropológicas na Cidade Heróica, com a saudosa Gaiacu Luiza Franquelina da Rocha. Orgulho-me igualmente e tanto pela minha cidadania francesa quanto pela minha cidadania cachoeirana, outorgada oficial e publicamente pela Câmara de Vereadores em maio de 2010. O espírito heróico e revolucionário que une as minhas duas pátrias me deu o senso crítico e a vontade de lutar SEMPRE em prol dos mais fracos, dos mais desprestigiados pela sociedade vigente, dos que sofrem diariamente nas mãos de uns coronéis cínicos, anacrônicos e patéticos. A radialista Al-Jazira pode continuar me difamando, não me importo. Ela não merece resposta.

O que não aceito, como cidadão, é que representantes legítimos de comunidades religiosas afro-baianas seculares sejam desrespeitados e hostilizados. O que não posso aceitar é o fato de uma Senhora de 83 anos, que constitui literalmente a raíz e a memória viva do samba de roda, seja vergonhosamente chamada de mentirosa por um representante do poder público municipal. O que não aceito, é que um terreiro de candomblé em processo de tombamento pelo IPHAN seja covardemente invadido e tenha o seu patrimônio arqueológico destruído, seu patrimônio sagrado soterrado. O que não posso aceitar é que o invasor descumpre cinicamente os embargo do IPHAN e da IBAMA. Pois esse patrimônio cultural de matriz africana é uma das RIQUEZAS mais emblemáticas de nossa Cidade.

O povo de santo, as Irmãs de Nossa Senhora da Boa Morte e os Grupos de Samba de Roda são os guardiões fiéis e heróicos de manifestações culturais da diáspora africana no Brasil, que fazem da Cachoeira o que é: o berço de uma civilização afro-indígena, de uma civilização extraordinariamente rica, porém secularmente desrespeitada. Não me deixarei intimidar por pessoas tão raivosas quanto insignificantes, que fazem uso irresponsável dos meios de comunicação para exercer um vil terrorismo midiático.

Axé! Vive la France e Viva a Cachoeira!!!

Xavier Vatin / Cidadão franco-cachoeirano"